Eu amo os cinemas do grupo Estação. Amo mesmo, com todas as minhas forças e coração (você pode entender melhor a intensidade do meu amor nesse post aqui). Mas, infelizmente, hoje em dia está muito difícil ir aos cinemas do grupo Estação. Pelo menos, pra uma pessoa desempregada sem renda nenhuma – e sem nenhuma forma de meia entrada.
Semana passada, li no Facebook a indicação de um amigo sobre o novo filme do diretor francês François Ozon. Fingi que lembrava quem era o diretor (apesar de reconhecer o nome, não lembrava seus outros filmes, mas agora procurando por ele, vi que fez 8 Mulheres, filme que amei!) e fui. Na verdade, pra mim, tanto faz o diretor, o que importa é que o filme é francês. Sim, sou obcecada por cinema francês (obsessão que, um dia, ainda rendará um post), e esse ainda tinha o plus de ter meu queridinho Romain Duris. Achei o filme passando no Estação Net Botafogo e fui, no impulso, sem nem ver se estava passando em outro cinema – eu já estava feliz por poder ir em algum cinema do Estação e fingi que as outras salas de cinema não existiam (depois vi que também estava passando no Itaú Arteplex, ou seja lá o nome que aquele complexo de cinemas em Botafogo tem agora).

E lá fui eu, feliz, contente e pobre – pois não se deixa de ser pobre quando se sai de casa, mesmo o destino sendo a zona sul (pra quem não é do Rio, a zona sul aqui é a parte mais cara da cidade) – assistir Uma nova amiga. Cheguei, entrei na fila, disse o nome do filme e horário que queria. Depois da bilheteira perguntar “meia entrada de que?”, apesar de eu já ter falado que a minha era inteira, repeti que não tinha meia entrada e, então, depois de escolher meu lugar, ela me falou o quanto eu tinha que pagar: TRINTA REAIS! Meu queixo caiu e eu travei. Eu não estava esperando algo tão caro at all! Mesmo sabendo que tinha escolhido um dos piores dias da semana pra se ir ao cinema (6a feira), eu achava que o ingresso seria, no máximo, uns vinte e poucos reais, valor que paguei da última vez que fui no mesmo cinema, alguns poucos meses atrás. E pra piorar tudo: só aceitava débito e dinheiro. Visto que minha conta está quase zerada – só não está zerada por bondade da minha mãe -, paguei em dinheiro porque, por sorte, tinha o suficiente (dinheiro que “ganhei” no brechó).

Quem conhece esse cinema do grupo Estação em particular sabe que as instalações e estrutura não são lá as melhores. Tem mosquitinho, tem sala congelante, tem sala pequenina que de tão pequena você se sente meio claustrofóbica. Mas sendo grupo Estação, ou seja, você sabe que a qualidade do filme é sempre boa, você ignora esses pequenos detalhes. Mas não por esse preço, né? Pelo menos, meu filme estava passando na maior e melhor sala de lá (são três, se não me engano), então até que não foi desconfortável e consegui assistir o filme de uma distância boa (não gosto de ficar muito perto da tela). Há um tempo atrás, eu até evitava ir nessas salas no Estação porque eu sabia que não eram as melhores e eu achava muito pequenas as salas (tirando essa que fui, mas sempre esquecia de sua existência). Só que o meu queridinho Espaço de cinema (ou seja lá como ele se chama agora – Estação Net Rio, na verdade) entrou em reforma e só me restou o Estação Net Botafogo (ok, sei que tem na Gávea e em Ipanema, mas Botafogo é muito mais fácil de chegar). Sem contar que lá é onde todos os filmes que já saíram de todos os outros cinemas ficam passando por mais tempo, então, às vezes, não tem nem opção.

Ok, não tem como negar que a qualidade dos filmes que passam nos Estações é maravilhosa. Em nenhum outro lugar aqui no Rio conseguimos encontrar filmes que não são blockbusters comerciais porque, além das salas de cinema do Estação (e as do Itaú, que já mencionei antes), só temos os Kinoplex e Cinemarks da vida nos shopping e, como todos sabem, passam o mesmo filme em várias salas, e sempre esses mais comerciais, pra ganharem bastante grana. (ai, como sinto falta de mais cinemas de rua…) E sei que as salas do Estação quase fecharam as portas há um tempo por falta de verba e, agora que foram compradas por grandes empresas e tudo está sendo reformado e melhorado, o valor do ingresso aumentaria (sem contar toda essa polêmica da meia entrada que, inevitavelmente, faz todos esses lugares aumentarem seus preços). E sei também que as salas do Estação são frequentadas pela elite intelectual do Rio de Janeiro que, em sua maioria, também é a elite econômica/financeira. Mas, ainda assim, é caro demais pra uma simples desempregada como eu – e também pra galera que trabalha com cultura e que não ganha bem e que, com certeza, também frequenta esses lugares. O que me deixa bem triste porque, provavelmente, não poderei ir ao cinema por bastante tempo – porque me recuso a fazer carteirinha falsa.

O pior é que até o café é caro, então não dá pra ver filme e comer, você tem que escolher um dos dois. Pra vocês terem ideia, nesse dia, como cheguei cedo pro filme e ia esperar mais de uma hora pra ele começar, resolvi fazer um lanche. Não queria ir muito longe e os lugares ali por perto estavam cheios, então resolvi comer algo ali no café do Estação mesmo. Comi um pastelzinho pequeno de peito de peru (que, ok, estava uma delícia) e uma xícara pequena (do tamanho de uma xícara de cafézinho) de cappuccino e gastei 11 reais. Aí você pensa: “Vou comer uma pipoca então”. Não adianta, queridos, porque até o pipoqueiro que fica em frente ao cinema é caro – os saquinhos vão de 8 a 12 reais! Complicado.
Tá difícil ter cultura de qualidade aqui no Rio de Janeiro… (Ou vai ver eu que tenho que escolher uma profissão qualquer que pague muito bem em vez de tentar fazer o que eu amo – que, no momento, nem vaga tem! Sim, eu tô frustrada!)
PS. Aliás, o filme é maravilhoso! Super recomendo, faz pensar pra caramba e todos os atores estão fantásticos! Vejam! Só não num cinema do Estação – a não ser que não ligue de pagar 30 reais.
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Segue eu!